Nesta série de publicações apresentamos conceitos amplos e gerais de gestão em finanças empresariais, as possibilidades de atuação nesse setor e os princípios e métodos de ser fazer o custeio em sua empresa. As publicações são resumidas e apresentam conceitos introdutórios de cada tema. Acompanhe e inscreva-se para recebê-las direto no seu e-mail.
Na publicação passada vimos a definição do Ponto de Equilíbrio e como defini-lo de duas formas diferentes. Nesta publicação daremos uma atenção à situação em que se produz mais do que o mínimo para não ficar em prejuízo, e uma atenção é dada à variação do lucro em relação a variação da produção da empresa em um período pré-definido. Definimos, então a margem de segurança e a alavancagem operacional.
Vamos analisar, por meio de um exemplo[1], como uma indústria de Células Fotovoltaicas que possui custos variáveis de R$6.000 por unidade, Custos Fixos de R$100.000 e vende seu produto a R$10.000 analisa sua margem de segurança e alavancagem operacional em um período determinado. A empresa produz atualmente 30 unidades por mês. Sua Margem de Contribuição é de R$4.000, ou seja, R$10.000 menos R$6.000 e, como visto na publicação anterior, seu Ponto de Equilíbrio é obtido dividindo os Custos Fixos pela Margem de Contribuição Unitária, ou seja, quando ela produz 25 unidades. O lucro de produzir 30 unidades por mês é de R$20.000, ou seja, 30 menos 25 vezes R$4.000.
E como podemos definir a Margem de Segurança? Entende-se como Margem de Segurança o valor físico ou monetário que excede o valor do Ponto de Equilíbrio. Nesse exemplo, temos 5 unidades, ou seja, 30 menos 25 unidades. Em termos percentuais, isso equivale a 16,7% em relação à produção (5/30). Neste cenário, tem-se a receita de R$250.000 no ponto de equilíbrio e a receita de R$300.000 da produção. Novamente, tem-se 16,7% de Margem de segurança, (300.000 - 250.000) / 300.000. O índice de margem de segurança pode ser multiplicado à receita para se descobrir a possibilidade de redução de receita até o lucro zero (16,7% vezes 300.000). De forma alternativa, multiplica-se as 5 unidades de margem de segurança ao preço de venda de cada unidade para se chegar ao mesmo valor: 5 vezes R$10.000.
O indicador de Alavancagem Operacional apresenta a variação incremental do lucro em relação ao aumento ou redução da produção física. Neste exemplo, suponhamos que a produção e venda no mês seguinte tenha sido de 35 unidades. Ao vender 35 unidades, a empresa tem um lucro de R$40.000. Chega-se a este valor multiplicando as 10 unidades que excedem o Ponto de Equilíbrio (35-25) pela Margem de Contribuição unitária de R$4.000. Assim, houve um aumento do lucro de R$20.000 em relação ao lucro quando se produzir 30 unidades, equivalente a 100% de aumento de lucro. Assim calculamos a Alavancagem Operacional: a variação do lucro sobre a variação da produção de um período para o outro. Pode ser calculado como (100% / 16,7%) ou alternativamente [(R$20.000/R$20.000) / (5/30)] que equivale a 6.
Um incremento de mais 5 unidades no mês subsequente levaria a uma Alavancagem Operacional constante de 6 em relação à produção de referência de 30 unidades, pois aumenta-se o lucro, mas incrementa-se o volume produzido. Por outro lado, a Margem de Segurança aumenta de 28,6% para 37,5%, pois ela é calculada em relação ao Ponto de Equilíbrio, de 25 unidades.
O conceito de Ponto de Equilíbrio pode ser interpretado sob diferentes óticas. Temos o Ponto de Equilíbrio Contábil, Ponto de Equilíbrio Econômico e Ponto de Equilíbrio Financeiro. Neste outro exemplo[1] a indústria de Célula Fotovoltaica possui um patrimônio líquido de 10 milhões, uma depreciação anual de 20% sobre sua infraestrutura e um custo fixo de 4 milhões por ano. A empresa pretende avaliar seu resultado contábil, econômico e financeiro. Os dados estão presentes na tabela abaixo.
O produto é vendido a R$1.360 e possui Custo Variável de R$1.000, assim, sua Margem de Contribuição unitária (MCu) é de R$360. O Ponto de Equilíbrio Contábil é obtido dividindo os Custos Fixos de 4 milhões pela MCu. Em termos de valor de venda, o Ponto de Equilíbrio Contábil é obtido multiplicando o número de unidades do Ponto de Equilíbrio Contábil pela MCu. Para determinar o Ponto de Equilíbrio Econômico considera-se que o resultado deve pagar seu investimento, assim, adiciona-se os custos de 1 milhão de 10% de rendimento do Patrimônio Líquido aos Custos Fixos e realiza-se os cálculos semelhantes ao Ponto de Equilíbrio Contábil. Finalmente, o Ponto de Equilíbrio Financeiro é obtido retirando o valor de R$800.000 proveniente da depreciação, dos Custos Fixos pois financeiramente, não há a retirada de caixa. Dessa forma, os resultados Contábil, Econômico e Financeiro são resultantes da multiplicação da MCu pela quantidade vendida, de 12.000 unidades menos os respectivos Pontos de Equilíbrio. As fórmulas e cálculos apresentados neste exemplos estão na planilha, disponível para download.
Referências: [1] MARTINS, Eliseu et al. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1980.
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